Ainda sem título, esta nova criação de Victor Hugo Pontes será uma peça eminentemente física, mesmo antecipando que nem todos os intérpretes estarão disponíveis para arriscar nesse sentido. A ideia da fisicalidade é, contudo, inspirada pela própria identidade da Companhia Maior e também, como contraponto, pela experiência prévia do trabalho do coreógrafo com adolescentes. Tal como na pujança da juventude interfere a falta de experiência (e controlo), na idade maior as limitações físicas são colmatadas com a experiência de palco e de vida.

Victor Hugo Pontes irá assim trabalhar com as idiossincrasias que se fazem anunciar na fisicalidade dos intérpretes – e que decorrem da idade e de um percurso de vida gravado no corpo –, potenciando-as como identidade: são estas idiossincrasias que tornam tão especial o que estes intérpretes oferecem ao público.

Victor Hugo Pontes propõe-se procurar uma linguagem coreográfica física e prática para todos os intérpretes, colocando corpos de diferentes idades em contraste, de modo a exponenciar as diferenças, sensibilizar para o seu valor, e focar a atenção na beleza da fragilidade. 

Na perspetiva da Companhia Maior, reforça-se a relevância da abordagem intergeracional nas discussões sobre a desconstrução do idadismo e para promover o envelhecimento criativo, que será imanente na representação da obra teatral e contribui para a nossa Causa Maior.