Autores

Todos os anos, desde que em 2010 a Companhia Maior foi criada, é endereçado um convite a um artista ou coletivo para criar um espetáculo para este grupo.

2021 - Natureza Fantasma

Marco Martins nasceu em Lisboa em 1972 e é autor de uma obra artística que se estende pelos campos do Cinema, Artes Visuais e Teatro. Os seus filmes têm sido apresentados e premiados nos principais Festivais Internacionais (Cannes, Veneza ou Roterdão). Em 2007, fundou, com Beatriz Batarda, o Arena Ensemble, tendo desde aí apresentado espetáculos de forma regular nos principais palcos nacionais e internacionalmente várias peças, muitas delas com comunidades específicas e englobando artistas profissionais e não-actores. 

Fernanda Fragateiro nasceu no Montijo, Portugal, em 1962, e atualmente vive e trabalha em Lisboa. Entre 1978 e 1981 estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, Lisboa, onde realizou a sua primeira exposição, “Panoramas” (com António Campos Rosado), em 1981. De 1981 a 1982 estudou na AR.CO – Centro de Arte e Comunicação, Lisboa, e de 1983 a 1987 fez o curso de escultura na Escola Superior de Belas Artes da mesma cidade.

Na década de 1980 dá início a uma colaboração em diversos projetos editoriais na área da ilustração. Entre 1997 e 1999 lecionou ilustração na AR.CO, e entre 1999 e 2000 deu aulas na pós-graduação de Design Urbano no Centro Português de Design, ambas em Lisboa.

O seu trabalho caracteriza-se sobretudo por uma interdisciplinaridade, onde áreas como a escultura, a instalação, a cerâmica, a arquitetura, o design ou a ilustração se cruzam e relacionam reciprocamente, em obras que dialogam com o espaço onde se inserem e com o espetador que muitas vezes é convocado para uma ação performativa que completa a obra. Desenvolve projetos para espaços públicos e não convencionais de exposição, em trabalhos que por vezes são apenas subtis intervenções ou acrescentos no lugar ou paisagem, como é exemplo o Jardim das Ondas, obra que criou para a Expo’98, Parque das Nações, Lisboa, em 1998.

Além de Eu espero, obra criada para o 5º Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, em 1999, dos seus projetos públicos destacam-se, mais recentemente, Desenho suspenso, Parque Natural do Pisão, Cascais, 2011, ou Concrete Poem, Vila Nova da Barquinha, 2012. Expondo individualmente pela primeira vez em 1987, desde então tem participado em várias exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro, destacando-se a retrospetiva “Quarto a céu aberto”, realizada em 2003 pela Culturgest, Lisboa, e mais recentemente a individual “Stones against diamonds”, na NC-Arte, Bogotá, Colômbia, em 2014. Entre outros prémios e distinções, destaca-se o Prémio Tabaqueira da Arte Pública, Açores, em 2001.

 

Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Desde 2001 publicou livros em diferentes géneros literários e está a ser traduzido em mais de 50 países. Os seus livros receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro. Com Aprender a rezar na Era da Técnica recebeu o Prix du Meuilleur Livre Étranger 2010 (França), prémio atribuído antes a Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez, Salman Rushdie, Elias Canetti, entre outros. Alguns outros prémios internacionais: Prémio Portugal Telecom 2007 e 2011 (Brasil), Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália), Prémio Belgrado 2009 (Sérvia), Grand Prix Littéraire du Web – Culture 2010 (França), Prix Littéraire Européen 2011 (França). Foi também por diferentes vezes finalista do Prix Médicis e Prix Femina. Uma Viagem à Índia recebeu, entre outros, o Grande Prémio de Romance e Novela APE 2011. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, dança, peças radiofónicas, curtas-metragens e objetos de artes plásticas, dança, vídeos de arte, ópera, performances, projetos de arquitetura, teses académicas, etc.

2019 - O Lugar do Canto está Vazio

São uma dupla de coreógrafos a colaborar desde 2006 na pesquisa e conceção de vários trabalhos apresentados em mais de 17 países. Os seus trabalhos centram-se na articulação entre a voz, a palavra, o som e os objetos com o corpo, o gesto e o movimento. Em 2011 foi-lhes concedido o Prix Jardin d’Europe e o primeiro lugar no Aerowaves Spring Forward 2013 pelo espectáculo Um gesto que não passa de uma ameaça, um trabalho que questiona a hierarquia entre a palavra e o movimento.

Desde o início da sua colaboração tiveram o apoio de diversas estruturas, como a Bomba Suicida entre 2006-2009, foram Artistas Associados d’O Espaço do Tempo entre 2009-2016 e da Materiais Diversos entre 2012-2016. Têm contado com o apoio de redes europeias como Looping, TRANSFER, Open Latitudes, Modul Dance, ONDA e Départs.

Enquanto dupla têm colaborado com artistas como Catarina Dias, artista visual e colaboradora de longa data, Lara Torres, Marco Martins, Clara Andermatt, Mark Tompkins e, desde 2014, apresentam António e Cleópatra e Sopro, de Tiago Rodrigues. Lecionam regularmente aulas e workshops e têm vindo a organizar residências e encontros de reflexão entre artistas em diferentes contextos. Fizeram a curadoria da segunda edição do PACAP – Programa Avançado de Criação em Artes Performativas, Fórum Dança (2018/2019).

Sofia Dias e Vítor Roriz são membros associados da REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea.

2018 - Mapa Mundi

Encenadora, atriz, dramaturga. Fundadora e diretora artística do Teatro do Vestido (2001-), onde dirigiu e escreveu mais de 30 criações. Doutorada pela Roehampton University, no departamento de teatro e estudos performativos, com a tese-espetáculo Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas (prémio do público do Festival de Teatro de Almada 2015/ Nomeado para melhor espetáculo SPA/2015). Mestre em Encenação pela Royal Scottish Academy of Music and Drama; licenciada em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa; formação como atriz pela Escola Superior de Teatro e Cinema (antigo Conservatório Nacional). Aprofundou os seus processos  colaborativos com os Goat Island e os Every House has a Door, na School of the Art Institute of Chicago. Aprendeu sobre o devising – que já fazia, mas a que não dava esse nome – com Alexander Kelly, dos Third Angel, no Programa Gulbenkian de Criatividade e Criação Artística. Foi também aí que consolidou o seu trabalho autobiográfico. A relação entre os acontecimentos históricos e as suas representações no presente, bem como a recolha de memórias e histórias de vidas, e as cartografias poéticas e afetivas das cidades são algumas das questões a partir das quais tem trabalhado e investigado. Foi professora na Royal Scottish Academy of Music and Drama (2004), na Escola Superior de Teatro e Cinema (2004-06), no Chapitô-EPAOE (2008-09) e na Universidade de Évora (2009-10). É professora adjunta no departamento de teatro da Escola Superior de Artes e Design, das Caldas da Rainha (ESAD.CR), e investigadora associada do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (IHC).

2017 - Humor Maligno

Nascido em Lisboa em 1975, Pedro Penim é encenador, ator e dramaturgo. Licenciado em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema e com um mestrado em Gestão Cultural pelo ISCTE, fundou em 1995 o coletivo Teatro Praga, companhia emblemática da criação teatral portuguesa contemporânea. É também fundador do espaço cultural Rua das Gaivotas6, em Lisboa, projeto que acolhe criações de novos artistas. O trabalho de Pedro Penim – que se estende à programação, à tradução, ao ensino e à atividade conferencista – foi já apresentado em diversos festivais e temporadas por todo o território português bem como em diversos países da Europa, América do Sul, Ásia e Médio Oriente. Em agosto de 2021, Pedro Penim foi nomeado diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II.

2016 - Sonho de uma Noite de Verão

Tónan Quito é ator e encenador, licenciado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, começou o seu percurso no 4º Período – O Do Prazer, dirigido por António Fonseca. Trabalhou com Luís Miguel Cintra, Joaquim Horta, Lúcia Sigalho, Paula Diogo, Nuno Cardoso, Tiago Rodrigues, Jorge Andrade, Patrícia Portela, Pedro Gil, João Garcia Miguel, Gonçalo Waddington, Tiago Guedes, Alex Cassal, Miguel Loureiro, Carla Maciel entre outros. Foi cofundador da Truta onde dirigiu Ivanov, Histórias do Bosque de Viena e Anatol. Cocriou, com Tiago Rodrigues, Entrelinhas, texto do mesmo; e, com Pedro Gil, Fausta, de Patrícia Portela. Fundou a HomemBala com Patrícia Costa e dirigiu Um Inimigo do Povo; Ricardo III; Fé, Caridade e Esperança; Oresteia e Casimiro e Carolina. Dirigiu ainda Sonho de Uma Noite de Verão para a Companhia Maior. Teve pequenas participações em filmes de Simão Cayatte, Jacinto Lucas Pires, Hugo Pedro, Manuel Mozos, Tiago Guedes, entre outros, assim como em televisão, destacando o trabalho com Filipe Melo, João Leitão, Tiago Guedes e Marco Martins. Em 2019, protagonizou o filme Tristeza e Alegria na vida das Girafas de Tiago Guedes. Foi docente auxiliar na ESTC em 2019.

2015 - Força

Filipa Francisco é coreógrafa e performer. Estudou Dança na Academia Almadense, na Companhia de Dança de Lisboa e licenciou-se na Escola Superior de Dança (ESD). Em Nova Iorque estudou na Trisha Brown Dance Company, no Lee Strasberg Institut e com André Lepecki. Trabalhou com criadores como Francisco Camacho, Vera Mantero, Sílvia Real, Madalena Victorino, Rui Nunes, Aldara Bizarro, Paula Castro e Bruno Cochat.

Dos seus trabalhos destaca Leitura de Listas (2004), colaboração com André Lepecki; Dueto (2006), Bicho eres un bicho e Bicho (2009), cocriação com Idoia Zabaleta; Íman, com as Wonderfull’s Kova M, resultante do projeto “Nu Kre Bai Na Bu Onda” na Cova da Moura
(alkantara, 2007—2009); A Viagem, com o Grupo Folclórico dos Riachos
(2011); Cardume, com o grupo 37.25 para o Festival Walk&Talk
(2014); Força, com a Companhia Maior (2015) e Saal, no âmbito da
rede Artéria (2018). Desenvolveu o Projecto Rexistir com reclusos do
Estabelecimento Prisional de Castelo Branco (CENTA, 2000—2006) e foi
artista convidada do projeto de Reinserção pela Arte promovido pela
Fundação Calouste Gulbenkian (2007). Leciona no Forum Dança no curso Dança na Comunidade e foi professora no INATEL, ESTAL, ESD, FMH e ESTC. É diretora artística da associação Mundo em Reboliço.

2014 - Um de Nós

Tristero é um coletivo de teatro sediado em Bruxelas, constituído por Cédric Coomans, Youri Dirkx e Peter Vandenbempt. O percurso de Tristero é eclético. As suas produções são diversificadas e assentam maioritariamente num repertório contemporâneo ou desconhecido; propõem comédias surpreendentes, adaptações de textos em prosa realizadas pelo próprio coletivo e, também, teatro de movimento ou formas híbridas. Tristero cria espetáculos inteligentes e divertidos, com uma ponta de causticidade, procurando sempre questionar a prática do teatro e a nossa sociedade. Tristero é apoiado pela Brussels Capital Region’s Flemish Community Commission.

2014 - O melhor e o mais rápido ...

Jorge Andrade (1973) tem o Curso de Formação de Atores e a Licenciatura Bietápica em Teatro – ramo de atores e encenadores – da Escola Superior de Teatro e Cinema. Tem o curso de Encenação de Teatro Ministrado pela companhia Third Angel (Programa Criatividade e Criação Artística da Gulbenkian) e participou no projeto Mugatxoan (Fundação de Serralves ⁄ Arteleku). Fundou a mala voadora com José Capela, com quem partilha a direção artística da companhia. Além de ator, dirige os espetáculos da companhia desde 2004. Foi distinguido pelo júri do Prémio Maria Madalena de Azeredo Perdigão com uma Menção Honrosa por Os Justos, a sua primeira encenação. Em 2007, foi convidado para encenar um espetáculo para o fórum O Estado do Mundo, no âmbito do programa da comemoração dos 50 anos da Gulbenkian. Foi convidado para encenar um espetáculo escrito para a Companhia Maior por Tim Etchells, Artista na Cidade de Lisboa em 2014-2015. Foi membro do Teatro da Garagem e colaborador dos Artistas Unidos. Para além de Carlos J. Pessoa e Jorge Silva Melo, trabalhou como ator com João Mota, Jorge Listopad, Artur Ramos, Rogério de Carvalho, Álvaro Correia, Miguel Loureiro, Manuel Wiborg e Élvio Camacho, entre outros. Lecionou na ESTC e na Escola Superior de Dança.

Tim Etchells (1962), artista e escritor residente em Sheffield, Reino Unido desenvolve a sua obra entre as artes performativas, o vídeo, a fotografia, projetos de texto, instalação e ficção numa ampla variedade de contextos, particularmente como líder do Forced Entertainment, grupo de representação mundialmente aclamado. Nos últimos anos, Etchells levou a cabo inúmeras exposições no contexto das artes plásticas: exposições individuais em Gasworks e Sketch (Londres), Bunkier Sztuki (Cracóvia), Galerie Jakopic (Ljubljana) e Kunstlerhaus Bremen, Galeria Jakopic. O seu trabalho foi exibido nas bienais Manifesta 7 (2008) em Rovereto, Italia; Art Sheffield (2008); Goteborg Bienale (2009); October Salon Belgrade (2010); Aichi Trienal do Japão (2010) com Vlatka Horvat e Manifesta 9 (Projectos Paralelos) (2012); das exposições coletivas, destacam-se Netherlands Media Art Institute (Amesterdão), MUHKA (Antuérpia), Galleria Raffaella Cortese (Milão), Sparwasser HQ (Berlim), MACBA (Barcelona), The Centre for Book Arts (Nova Iorque), David Roberts Art Foundation (Londres) e Kunsthaus Graz (Áustria). O seu primeiro romance, The Broken World, foi publicado por Heinemann, em 2008, e a monografia em dança contemporânea Certain Fragments: Contemporary Performance and Forced Entertainment (Routledge 1999) foi mundialmente aclamada. Das suas recentes publicações destacam-se Vacuum Days (Storythings, 2012), While You Are With Us Here Tonight (LADA, 2013). Foi “Legacy: Thinker in Residence” (2009-2010) no Tate Research e no LADA em Londres, Professor Honorário Convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Roehampton (2010-2012) e Professor Convidado – Performance na Universidade de Sheffield entre 2011 e 2012. Em 2013 foi nomeado Professor de Representação na Universidade de Lancaster. Em 2014, Tim Etchells e o Artista na Cidade de Lisboa. Apresentou também um trabalho em néon na Trienal de Folkestone (30 agosto – 2 novembro), bem como a participação numa grande exposição para a Hayward Gallery, Londres, MIRRORCITY (outubro 2014 – janeiro 2015).

2013 - A Visita da Velha Senhora

Encenador e ator. Nasceu em Canas de Senhorim, em 1970. Frequentou o curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Iniciou o seu percurso teatral no início da década de 1990, integrando o CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. Como ator, integrou o elenco de espetáculos encenados por Paulo Lisboa, Paulo Castro, João Paulo Seara Cardoso, Nuno M. Cardoso, Francisco Alves, José Neves, João Garcia Miguel, Victor Hugo Pontes e José Eduardo Silva, interpretando textos de autores como Eurípides, William Shakespeare, J.W. Goethe, Anton Tchékhov, Frank Wedekind, Fiodor Dostoievski, Gregory Motton, Bernard- Marie Koltès, Peter Handke, entre outros. Do seu trabalho como ator, destaca-se, mais recentemente, a trilogia constituída pelos espetáculos Subterrâneo, enc. Luís Araújo (2016), Náufrago, enc. John Romão (2016), e Apeadeiro (2017). Em 1994, foi um dos fundadores do coletivo Visões Úteis, onde foi responsável por vários espetáculos, nomeadamente Porto Monocromático (1997). Entre 1998 e 2003, assegurou a direção artística do Auditório Nacional Carlos Alberto, assumindo em seguida, até 2007, a coordenação de programação do Teatro Carlos Alberto, equipamento que passou a integrar a estrutura do Teatro Nacional São João. É, desde 2007, diretor artístico do Ao Cabo Teatro, onde tem desenvolvido uma intensa carreira como encenador. No decurso das últimas duas décadas, tem trabalhado insistentemente autores como Shakespeare ou Tchékhov, tendo encenado textos de múltiplos dramaturgos, de várias tradições e períodos: Ésquilo, Sófocles, Molière, Racine, Henrik Ibsen, Friedrich Dürrenmatt, Federico García Lorca, Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Lars Norén, Sarah Kane, Don DeLillo, Marius von Mayenburg, entre muitos outros. Paralelamente, vem desenvolvendo projetos teatrais de cariz comunitário ou envolvendo não profissionais: citem-se como exemplo PRJ. X. Oresteia, realizado no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira (2001), R2 (a partir de Ricardo III), interpretado por jovens do Bairro da Cova da Moura (2007) ou Porto S. Bento, com moradores do Centro Histórico do Porto (2012). No TNSJ, encenou várias produções, das quais se destacam O Despertar da Primavera, de Wedekind (2004), Woyzeck, de Büchner (2005), e Platónov, de Tchékhov (2008). Muitos outros espetáculos da sua autoria têm sido apresentados e coproduzidos pelo TNSJ nos últimos anos, como Coriolano, de Shakespeare (2004), e Veraneantes, de Gorki (2007). Pela encenação de Demónios, de Lars Norén, recebeu o Prémio Autores 2016 da SPA, na categoria de melhor espetáculo.

2013 - Estalo Novo

Ana Borralho (Lagos, 1972) & João Galante (Luanda, 1968) conheceram-se enquanto estudavam artes plásticas no AR.CO (Lisboa). Como atores/cocriadores trabalharam regularmente com o grupo de teatro OLHO (com o encenador João Garcia Miguel), entre 1992 e 2002. Desde 2002 trabalham em parceria nos campos da performance-art, dança, instalação, fotografia, som e vídeo. Temas frequentes no seu trabalho: corpo|mente, dentro|fora, emoção|sentimento, eu|outros, privado|publico, social|político. Um dos seus últimos trabalhos, Atlas, leva mais longe estas noções trazendo ao palco 100 pessoas de diversas profissões.

Das peças criadas em conjunto destacam: Mistermissmissmister (2002), I love you (2003), VaNo Body Never Mind, 001, 022 e 003 (2004-06), sexyMF (2006), I put a spell on you (2007), I Meatphysics (2008), Untitled, Still Life (2009), World of Interiors (2010), Atlas (2011), Linha do Horizonte (2012), Purgatório (2013), Aqui estamos nós (2014) e Só há uma vida, nela quero ter tempo para construir-me e destruir-me (2015), Vão Morrer Longe (2016) e Gatilho da Felicidade (2017). Desenvolveram, conjuntamente com Mónica Samões, o projeto “No Jogo do Desejo ou o Choque Frontal” (workshops e ateliers para público jovem – 2008), o vídeo documentário Eu Não Tu (2009) e o espetáculo infantojuvenil I A linha ou O Deserto já não é uma casa vazia (2009).

Em 2010, o Teatro Municipal Maria Matos apresentou uma pequena antologia das suas performances sob o título “O Mundo Maravilhoso de Ana Borralho & João Galante”.

Desde 2004, os seus trabalhos são apresentados em diversos Festivais Internacionais em Portugal, França, Espanha, Suíça, Escócia, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Japão, Alemanha, Áustria, Reino Unido, Itália, Eslovénia, Eslováquia, Islândia, República Checa, Finlândia, Hungria, Estónia, Polónia e Grécia.

São membros fundadores da banda de não-músicos Jymmie Durham, cofundadores da associação cultural casaBranca e diretores artísticos do festival de artes performativas Verão Azul.

2012 - Iluminações

1966, Madrid. Encenadora, atriz, diretora da Casa Conveniente. Cursa a Escola Superior de Teatro e Cinema, que conclui em 1990. Em 1991, interpreta, com Lúcia Sigalho,   A Mais Forte de Strindberg (enc. Maria José Camecelha) no Teatro da Trindade e, em 1992, abala o meio teatral português com A Virgem Doida (enc. Amadeu Neves), espetáculo fundador da Casa Conveniente, apresentado como um “striptease teatral em sessões contínuas” a partir de Rimbaud. De ora em diante o seu percurso confunde-se com o historial da estrutura que fundou. Em 1994 estreia-se como encenadora dirigindo e interpretando Jogos de Noite a partir de Stig Dagerman e, em 1997, encena Crónicas de António Lobo Antunes no CCB. Em 1998, apresenta na Culturgest Os Paraísos do Caminho Vazio, a partir de Rosa Liksom; em 2000, O Bar da Meia-noite a partir de Fiama Hasse Pais Brandão (CCB); em 2001, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant de R.W. Fassbinder (Casa Conveniente) e A Loucura da Normalidade a partir de Arno Gruen e Stig Dagerman, nas fundações do futuro Teatro Municipal de Almada. “Mónica Calle, enquanto actriz ou encenadora, ou nas duas qualidades, criou alguns dos espetáculos mais interessantes do teatro português da última década”, escreve João Carneiro no Expresso (2001). Desde então, Calle tem vindo a aprofundar um equilíbrio entre a componente experimental, manipulando o corpo dos intérpretes como um material expressivo equiparado às restantes “materialidades” teatrais – exemplo de Um dia virá (CCB, 2003) a partir do universo de Beckett – e uma reflexão acerca da perceção dos espetáculos. Alguns dos dispositivos utilizados obrigam o espetador a aceder aos seus trabalhos de forma inédita – permanecendo isolado na escuridão como em Rua de Sentido Único (2002). Outros formatos cénicos desafiam a assistir à acumulação de possibilidades dramatúrgicas de um clássico: exemplo de Três Irmãs – que importância é que isto tem? (2003) ou A Última Ceia ou sobre “O Cerejal (2007), ambos a partir de Tchékhov. Além de Beckett e Tchékhov, aborda autores como Peter Handke (Luz/Interior, 2004, Menção Especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro – APCT), Thomas Bernhard, Pirandello, Strindberg, entre outros. Pelo trabalho desenvolvido ao longo de 2009, “ano particularmente feliz, quer em termos de produção própria, quer enquanto estrutura de acolhimento”, recebe em nome da Casa Conveniente uma nova Menção Especial da APCT. É ainda no final de 2009 que lança um projeto de formação de atores em meio prisional, inicialmente em parceria com a Causa AC. Dois espetáculos já foram produzidos com o grupo de teatro do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus. O projeto decorre atualmente em duas vertentes: o workshop semanal no E.P, e a integração de ex-reclusos como atores na equipa artística da Casa Conveniente. Em 2011 encena vários espetáculos a partir de textos de Heiner Müller. Por Recordações de uma Revolução, a partir de “A Missão”, recebe o Prémio Autores da SPA para Melhor Espetáculo de Teatro. “Mónica Calle deu-nos um dos mais importantes e inspirados gestos teatrais do ano”, escreve Tiago Bartolomeu Costa no Público (agosto 2011). O Ciclo Heiner Müller é ainda distinguido na sua totalidade pela APCT. Em 2012, reencenou e interpretou A Virgem Doida, vinte anos depois, percorrendo dessa vez a integralidade de Uma Cerveja no Inferno, de Rimbaud.

2011 - Maior

Considerada uma das pioneiras do movimento da Nova Dança Portuguesa, a carreira de Clara Andermatt revelou, ao longo dos anos, uma identidade particularmente singular no panorama artístico nacional e internacional, e um percurso que, indubitavelmente, deixou a sua marca na história da dança contemporânea portuguesa. Iniciou os seus estudos de dança com sua mãe Luna Andermatt. Estudou piano e educação musical, até ir para Londres, em 1980, para aprofundar os seus estudos na área da dança no London Studio Centre, onde se graduou em 1984. Recebeu a Bolsa Bridget Espinosa, atribuída anualmente apenas a um aluno, bem como a distinção “The Best Student Award”. Nesse mesmo ano obtém o diploma completo da Royal Academy of Dance de Londres.

Foi bolseira do Jacob’s Pillow Dance Festival (Lee, Massachussets, 1988), do American Dance Festival – International Choreographers Residency Program (Durham, 1994) e do Bates Dance Festival (Maine, 2002).

O seu interesse pela área do teatro levou-a a estudar “O Método de Interpretação para o Ator”, desenvolvido nos palcos norte-americanos nas décadas de 1930 / 1940, com os formadores Michael Margotta e Robert Castle.

Integrou entre 1984-88 a Companhia de Dança de Lisboa (dirigida por Rui Horta), e entre 1989-91 a Companhia Metros, em Barcelona (companhia de autor de Ramón Oller).

Em 1991 volta a estabelecer-se em Portugal e cria a sua própria Companhia, atualmente designada como ACCCA – Associação Cultural Companhia Clara Andermatt.

Em 1994 inicia uma forte relação com Cabo Verde, cria vários projetos com intérpretes locais, ações de formação e colaborações com artistas de diferentes áreas, que culminam numa série de residências, projetos e espetáculos. Uma colaboração especialmente intensa durante sete anos consecutivos e que perdura até hoje.

2010 - Bela Adormecida

Desde que começou a trabalhar como ator, há 20 anos, Tiago Rodrigues tem sempre abordado o teatro como uma assembleia humana: um local onde as pessoas se encontram, como num café, para discutir as suas ideias e partilhar o seu tempo. Cruzou-se pela primeira vez, quando ainda era estudante, em 1997, com a companhia tg STAN, confirmando o seu vínculo a ao trabalho colaborativo sem hierarquia. A liberdade que encontrou quando começou a trabalhar com este coletivo belga viria influenciar para sempre os seus trabalhos futuros. Em 2003, cofundou a companhia Mundo Perfeito com Magda Bizarro, na qual criou e apresentou cerca de 30 espetáculos em mais de 20 países, tornando-se uma presença regular em eventos como o Festival d’Automne à Paris, METEOR Festival na Noruega, Theaterformen na Alemanha, Festival TransAmériques no Canadá, kunstenfestivalsdesarts na Bélgica, entre outros. Colaborou com um grande número de artistas portugueses e internacionais, como também coreógrafos e bailarinos. Foi, também, professor de teatro em várias escolas, nomeadamente a escola de dança belga PARTS, dirigida pela coreógrafa Anne Teresa De Keersmaeker, a escola suíça de artes performativas Manufacture e o projecto internacional École des Maîtres. Paralelamente ao seu trabalho em teatro, escreveu argumentos para filmes e séries televisivas, artigos, poesia e ensaios. Com as suas peças mais recentes, obteve um reconhecimento internacional alargado e diversos prémios a nível nacional e internacional. Algumas das suas obras mais notáveis são By Heart, António e Cleópatra, Bovary, Como ela morre, Sopro, estreada no Festival d’Avignon 2017, ou Catarina e a beleza de matar fascistas. Quer combinando histórias reais com ficção, quer reescrevendo clássicos ou adaptando romances, o teatro de Tiago Rodrigues é profundamente enraizado na ideia de escrever para e com os atores, procurando a transformação poética da realidade usando as ferramentas teatrais. Essa aspiração é óbvia em projetos como a Occupation Bastille, a ocupação artística do Théâtre de la Bastille em Paris, por cerca de uma centena de artistas e espetadores que decorreu em 2016. Em 2018 foi galardoado com o XV Prémio Europa Realidades Teatrais. Diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II desde 2015, Tiago Rodrigues tem sido um construtor de pontes entre cidades e países e, ao mesmo tempo, um anfitrião e um defensor de um teatro vivo. Em julho de 2021, Tiago Rodrigues foi apresentado pela organização do Festival d’Avignon, em França, como próximo diretor do evento.

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